CB, Política, p. 6
09 de Jun de 2007
Relator mantém divisão do Ibama
Ricardo Barros, deputado do PP paranaense, confirma texto editado pelo governo e, assim,
transfere parte das atribuições da autarquia ambiental para o novo Instituto Chico Mendes
Leonel Rocha
Da equipe do Correio
O relator da Medida Provisória 366 que reformulou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), deputado Ricardo Barros (PP-PR), vai manter o texto editado pelo governo que prevê a transferência de parte das atribuições da autarquia para o novo Instituto Chico Mendes, criado pela MP e encarregado de istrar as unidades de conservação. A votação da medida está prevista para terça-feira. O presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), quer votar a medida rapidamente, antes que ela bloqueie a pauta de votação de outros projetos. "A tendência é que a Câmara aprove a medida do jeito que o governo editou", avisou Barros.
A proposta do governo de dividir o Ibama foi o motivo que levou os mais de 6,4 mil funcionários do instituto a decretarem uma greve geral que começou no dia 14 de maio com um elevado índice de adesão. A manutenção no texto final da MP, que reformulou parte da área ambientalista do governo, é tudo que os sindicalistas do Ibama não querem e prometem manter a paralisação. Segundo o deputado Ricardo Barros, entre as 14 emendas apresentadas para modificar o projeto do governo, poucas tratam do assunto e nenhuma modifica radicalmente a MP. Nem mesmos parlamentares que são contra a divisão do Ibama apresentaram emendas revertendo a proposta do governo. "Quem faz oposição à MP não quer melhorar o texto e sim derrotar a medida", comentou Barros.
Barros deve acatar a emenda que obriga o Instituto Chico Mendes a se responsabilizar pela educação ambiental pública brasileira, atribuição não especificada no texto original da MP. Outra emenda que o relator vai acatar é a que obriga o treinamento "imediato" de funcionários do Ibama que tiveram uma avaliação negativa do seu desempenho no serviço.
Hoje a avaliação está prevista, mas não a transferência do servidor mal avaliado para um curso.
Servidores
A direção da Associação Nacional dos Servidores do Ibama (Asibama) recomenda a continuação da greve e já programou novos protestos no Congresso para tentar barrar a aprovação da MP. Eles sabem que na Câmara não há chances de a MP ser derrotada. Para compensar, vão concentrar forças na tentativa de derrotar a medida no Senado, onde a oposição ao governo tem mais votos. Os servidores estão programando uma vigília nos gramados do Congresso que começará na noite de domingo até a votação final.
Os dirigentes da Asibama se reuniram com o deputado Ricardo Barros mas não chegaram a um acordo. "Não incentivamos a apresentação de qualquer emenda à MP porque não queremos colaborar com a bandalheira que ficará o Ibama se a reforma for implantada", disse Jonas Corrêa, presidente da associação. Segundo ele, a reforma não terá êxito porque os servidores do instituto não acreditam na melhoria da eficiência e estão muito ressentidos com o governo por causa da redução das atribuições do Ibama e a criação do Instituto Chico Mendes.
Os funcionários chegaram a distribuir um documento em que tentam demonstrar que a reforma vai duplicar o número de atribuições no processo de licenciamento de grandes obras de infra-estrutura, inclusive as duas hidrelétricas previstas para o Rio Madeira e outras obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A demora na conclusão do laudo do licenciamento foi motivo de uma polêmica entre as ministras do Meio Ambiente, Marina Silva, e da Casa Civil, Dilma Roussef, sobre as exigências feitas pelo Ibama para autorizar a construção das hidrelétrica do Rio Madeira.
CB, 09/06/2007, Política, p. 6
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