OESP, Nacional, p. A13
10 de Mai de 2007
Marina nega divergência com Dilma
Declaração de Lula no dia anterior fez com que ministras amenizassem problemas envolvendo licenças ambientais
Moacir Assunção e Ricardo Brandt
Depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ameaçou demitir ministros que brigarem por conta de divergências sobre a velocidade necessária na liberação das licenças ambientais para obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), as ministras do Meio Ambiente, Marina Silva, e da Casa Civil, Dilma Rousseff, tentaram colocar panos quentes ontem na discussão, mas continuaram a se estranhar.
Marina negou ontem que tenha qualquer divergência com a colega. Em São Paulo para o seminário Créditos de Carbono e Mudanças Climáticas, ela garantiu que "em hipótese alguma" há tensão nas suas relações com Dilma. "A indicação do diretor do Ibama e do Instituto Chico Mendes é de responsabilidade da ministra do Meio Ambiente, que as encaminha ao presidente", afirmou. "Eu escolhi o meu secretário-executivo, João Paulo Capobianco, para o Ibama, e Bazileu Alves Margarido, chefe de gabinete do ministério, para o Instituto Chico Mendes, por conta da história e do comprometimento ambiental de ambos."
De acordo com a ministra, Margarido e Capobianco ficarão temporariamente nos cargos para estruturar os órgãos a serem criados com a divisão do Ibama. Marina disse que eles foram escolhidos exatamente para evitar tensões entre as estruturas independentes que deverão atuar em conjunto. "Em um prazo que, espero, seja de 90 dias, anunciarei os nomes dos diretores efetivos dos dois institutos", prometeu.
USINA NUCLEAR
Marina também voltou a condenar a idéia de construir a usina nuclear de Angra 3. "Nos últimos 15 anos nenhum país fez usinas nucleares porque há muitos problemas com o resíduo nuclear e não há solução para isso. Nós temos outras fontes, um grande potencial hidrelétrico e formas limpas de energia nas quais devemos investir." Ela fez questão de dizer que sua opinião não tem nenhuma relação com a construção das usinas hidrelétricas de Santo Antonio e Jirau no Rio Madeira - a demora na concessão de licença ambiental para as obras foi um dos motivos das queixas de Dilma.
Horas antes das declarações de Marina, em entrevista ao programa Bom Dia Brasil, da TV Globo, a ministra da Casa Civil disse que o governo jamais marcou data para o licenciamento ambiental das duas hidrelétricas. "O governo jamais marcou data. Quem marca data é a realidade. Nós precisamos de energia em 2012. Se não sair até o fim de maio, essa energia vai ser prorrogada para 2013."
Para ela, a relação entre energia e meio ambiente está distorcida. "Não há contradição entre essas duas questões", argumentou. "Todas as questões relativas às duas usinas, tanto a de Santo Antonio como a de Jirau, estão sendo bem encaminhadas e nós esperamos uma solução. Se ela ocorrer até o final do mês, muito bem. Senão, tomaremos outras medidas."
As outras medidas possíveis seriam a adoção de fontes alternativas de energia, que também precisam de licença ambiental."As usinas térmicas são mais fáceis de construir", lembrou a ministra Dilma, referindo-se às usinas a gás, a carvão e a diesel. "Elas são mais rápidas - levam cerca de três anos -, porém mais poluentes, com exceção da térmica a gás."
OESP, 10/05/2007, Nacional, p. A13
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