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Condicionalidades são "vitória", diz Marina

FSP, Dinheiro, p. B5
11 de Jul de 2007

Condicionalidades são "vitória", diz Marina
Ministra do Meio Ambiente afirma que área ambiental não "dificultou" nem "facilitou" o processo, mas agiu com "isenção"
"A sociedade brasileira quer energia, mas quer proteção ambiental. Quer proteção ambiental, mas também quer energia", diz Marina

Eduardo Scolese
Da sucursal de Brasília

A ministra Marina Silva (Meio Ambiente) afirmou ontem que a licença prévia concedida um dia antes pelo Ibama para a construção de duas hidrelétricas do rio Madeira, em Rondônia, é uma demonstração de que "a viabilidade econômica não se sobrepõe à viabilidade ambiental e vice-versa".
Segundo ela, a área ambiental do governo não "dificultou" nem "facilitou" o processo, pois trabalhou com "isenção".
"Levantamos questões de caráter técnico. Não são desculpas. E essas questões técnicas ajudaram a melhorar o projeto do ponto de vista técnico e resolveu o problema ambiental. E foi em cima desse processo e com toda a isenção que o Ibama deu a licença prévia", completou Marina Silva.
A ministra falou ontem rapidamente sobre o tema, no Senado, após ter participado durante quatro horas e meia de uma audiência pública sobre a medida provisória que cria o Instituto Chico Mendes e, na prática, enfraquece o Ibama. Contrários à medida provisória, os servidores da autarquia estão em greve desde 14 de maio.

"Vitória" da sociedade
De acordo com Marina, a licença assinada por Bazileu Alves, presidente interino do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), é uma "vitória" da sociedade. Três meses atrás, técnicos da autarquia colocaram em dúvida a viabilidade ambiental das usinas, previstas no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o que provocou críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"É uma vitória da sociedade brasileira. A sociedade brasileira quer energia, mas quer proteção ambiental. Quer proteção ambiental, mas também quer energia. Eu acho que nós estamos evoluindo. O Brasil é uma potência ambiental e precisa fazer jus à potência que é."
Marina disse que não houve pressão política para a liberação da licença ambiental.
"Eu desconheço esse diálogo de pressão [política]. Você tem de resolver uma equação, baseado na legislação, apresentar solução para os problemas", afirmou.
"Se é possível apresentar solução para os problemas, você resolve. Nós não dificultamos nem facilitamos. Nós agimos de acordo com as regras que foram estabelecidas pelo Congresso Nacional e pela Constituição."

"Análise profunda"
Ao lado da ministra durante a entrevista, o presidente do Ibama afirmou: "Se pudesse ter soltado [a licença] antes, a gente teria soltado antes".
Segundo ele, poucos processos de licenciamento tiveram a "profundidade de análise" como a do rio Madeira.
Sobre as 33 condições impostas pelo Ibama aos responsáveis pela obra, para evitar o desaparecimento de espécies de peixes e reduzir o acúmulo de sedimentos no rio, a ministra do Meio Ambiente chamou-as de "necessárias".
"São as exigências necessárias para um empreendimento com a complexidade que tem esse. São as exigências necessárias", repetiu.
As condições foram impostas depois de um ime que dividiu o governo com o Meio Ambiente de um lado e a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e o presidente Lula de outro.
O adiamento levou a um atraso de quatro meses na data prevista para o primeiro leilão para a construção de uma das usinas, obra prevista pelo PAC.

FSP, 11/07/2007, Dinheiro, p. B5

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